segunda-feira, 17 de junho de 2013

Sabedoria Impopular

Quando pegas ao serviço numa casa nova, lembra-te sempre: "Não convém ser um bom burro, nem um mau cavalo".

terça-feira, 21 de maio de 2013

Escritos Incompletos - A ti

Gelam-lhe os ossos e o sentimento se lhe escapa. Abriu os olhos e viu-se diante do espelho, lá naquela imagem esbelta e voluptuosa, "impossível... ninguém acorda assim". Mulher fatal desde manhã até à noite.

(...)

Ele sorria sem se notar o branco e perscrutava a sua imagem nos olhos dos outros.  Pelo canto do copo, em tons de dourado, viviam os fantasmas daquelas que escaparam.

O amor para dar, a amizade para os justificar e o falso altruísmo para os mover.

(...)

Mostra os dentes e recebe depois - o golpe - aquele que te chamou ao siso. Ataca-me em juízo, envolve-me na surpresa e o teu riso te quedará ilesa. A suspeita do costume, a tal novidade, vem minando a verdade.

A ti te dou num belo embuste, parecendo saber o que recebo. Não sei realmente o que faço, digo ou penso... estou perdido no teu abraço.

A tua liberdade foi a luz para me acordar. A minha vontade, em ti descobriu a única que poderia amar.

 foto de Neil Krug

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A tua voz e acompanhamento de guitarra...

Mais que uma canção, é aquilo que te empurra para um lugar profundo. Sabes onde, quando ouves... é toda emoção e, simultaneamente, vazio.

...dormência, desespero e lamento, bem como, alívio e contentamento. 

Trata-se do que é quando a ouves... não é um estilo nem uma moda, é humano e está vivo.



sexta-feira, 19 de abril de 2013

Sabedoria Impopular

Quem mama não chora. Não o contrário. Posto isto, podes chorar à vontade...

No meu máximo nerdismo autista (quiçá, inspirado pelo Floresta dos Espíritos), liguei hoje para uma editora, perguntando se tinham planos para traduzir mais livros de Jean-Christophe Grangé. Do outro lado, um NÃO bem forte.

Normalmente diz-se qualquer coisa do tipo "de momento não consta nos planos a curto prazo", mas NÃO. Não vamos traduzir mais best sellers desse autor. Será que vão entrar em Insolvência??


terça-feira, 16 de abril de 2013

Popalavras #8


Tão certo como a água da praia varrer as nossas pegadas de Sábado, esperava-me ansiosa nessa manhã de Domingo. Já estava atrasado. Desci os degraus apressadamente, só para voltar atrás pela carteira, "esqueces-te sempre da carteira!". Teria aproveitado mais o sol do meio-dia se não conduzisse como um louco para estar à porta dela, apenas, cinco minutos depois da hora. Quero ser natural quanto a isto, quero mesmo dizer que vi um anjo nesse instante mesmo já não acreditando - "Não dá para ir por aí, bebé!" - tenho de dizer que foi o "bebé" que me levou à estupidez.

Anseio por esta cumplicidade, ouço as palavras queimar no reflexo do meu silêncio e não sei parar isso. Talvez estejamos condenados a ser só um ou a chama nos asfixia debaixo do céu aberto. Nunca me senti tão sozinho, estando tão vivo.

Assaltam-me visões de ti, enquanto passeamos entre pedra e parede, e mais pedra, não te importas, sorris... Dizes-te mal com mundo e moída pela vida - não acredito em ti, estás tão serena. Em queda livre pelo universo, és o eixo da parábola, livre e absolta. - Levas um pouco de mim contigo?

Tu, tu, tu, e tu... há coisas em que não acreditas, aquelas que quero fazer. Quero construir algo e tu nunca o verás acontecer. Continuo a arder, ansiando pelas palavras certas. Como sempre foi connosco. Nunca estive tão sozinho e nunca vivi tanto... e há esta inquietude para subir de nível contra a tua atmosfera.

Para onde foi a alma que quero conhecer? Este jardim é Mal. A superficialidade é tudo e não conseguimos ser assim, não consigo. Tu perceberias... E esta é a nossa última volta, seremos amigos novamente, ultrapassar-te-ei e perguntar-te-ás quem seria eu.

Voltamos para casa. Começa a chover... Tu remas na prancha, só. Prova o sal, prova a dor. Já não pensarei em ti outra vez. As ondas crescem e o sol cai, olhas para aquela vaga deslizando, para te levar para casa.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Pensa Rápido: Palácio Dourado

Para o post 100 queria fazer uma coisa fixe, mas como à redacção chegaram notícias do ano passado irei ter de me debruçar sobre elas antes de fazer alguma coisa.

Assim, tenho o prazer de ser dos últimos a informar que a China anda a reformular as suas reservas de ouro. Como os malandrecos de olhos em bico não permitem a exportação de ouro e têm andado a comprar como se não houvesse amanhã, circulam rumores de que a China está a preparar o lançamento de uma nova moeda, cunhada com ouro.

Ora, supostamente, este rumor tem como base a reformulação das reservas de ouro chinesas em barras de 12,4Kgs para 1Kg. O que poderia facilitar a sua mobilização. Como os chineses são conhecidos pela sua transparência, o resto do mundo retirou dai as suas conclusões. E que conclusões: A China está a preparar-se para dominar a economia global, aumentando as suas reservas de ouro e aguardando pacientemente a implosão do sistema financeiro mundial. Se não for através de uma nova moeda será através de um novo sistema de reservas bancárias.

A nova moeda parece ser uma manobra obscura, pois se não permitem a exportação de ouro, como iriam transaccionar? Entre outras incongruências... No entanto, o ouro continua a ser o investimento mais estável e o mercado cambiário não dorme. Por isso, o chinês pode querer fortalecer as suas reservas para alterar o esquema comercial internacional, demonstrando a sua liquidez financeira. Pode? Ainda não fez nada, o tempo passa (têm vindo a aumentar exponencialmente as suas reservas desde 2003) e o Grande Dragão Vermelho continua em modo business as usual.

Ainda assim, a net é paranóica e eu faço a minha quota-parte: foi descoberto tungsténio misturado em barras de ouro. Aconteceu em NY, claro. O tungsténio é um metal que pesa essencialmente o mesmo que o ouro, mas custa um dólar a onça (bastante menos que o ouro). Ora, se os chinos neste processo de reformulação das suas reservas descobrissem que estas tinham sido adulteradas podiam despoletar uma reacção que obrigaria a uma auditoria global para saber quem andava a vender gato por lebre ou ouro por tungsténio. Podiam até abrandar a corrida ao ouro... e esta?

ISTO É TÃO ANO PASSADO

Numa coisa estes sacaninhas da net acertaram. As moedas físicas baseiam-se na confiança e com a recente jogada alemã no Chipre a confiança anda a quebrar. Isto fomenta o aparecimento de moedas virtuais fora do sistema monetário internacional, como as Bitcoins, cuja principal vantagem reside no facto de não estar debaixo da alçada dos governos. Posto isto, para que quero eu saber das moedas chinesas revestidas a ouro se posso fazer o meu negócio com moedas lowcost? Os chineses e americanos já devem ter chegado à mesma conclusão. Pior, o Chipre devia ter chegado à mesma conclusão, pois se a populaça tivesse pegado nos seus depósitos e os convertido em Bitcoin ainda os tinham no bolso... (já os parentes do presidente Anastasiadis se lembraram de transferir milhões do Banco Popular do Chipre antes da medida ser conhecida).


quinta-feira, 28 de março de 2013

Clint Eastwood diria...

Improvise, Adapt and Overcome - Heartbreak Ridge


Pessimismo

Quão bem se conhece outra pessoa?

Somos todos espiões num jogo doentio a que escolhemos chamar vida. Os sonhos não se concretizam, pelo menos não como foram sonhados. Resta-nos comer ou ser comidos, sem opção de sobrevivência.

Como se conhece outra pessoa?

Luta-se até ao fim com as armas à disposição e sem nunca parar, até olhar para o lado e não ver ninguém. No tempo perdido se perde a vantagem e não existem guerras sem quartel, todos temos necessidades.

Porque se conhece outra pessoa?

Servimo-nos de desculpas fracas, como família, relações ou caridade para justificar a essência beligerante. Palavras como "paz", "psicopatia", "criminoso" ou "inadaptado" são embustes de quem está no chão. É uma arte ganhar deitado. Podes não ser o melhor,

contudo...


quarta-feira, 20 de março de 2013

Sabedoria Impopular: Quando elas não dão bola...

...podes ter uma jogada brilhante na manga, mas acabas agarrado à raquete à espera que ela devolva o serviço.

Ontem à saída do barco falei a uma rapariga (bem gira por sinal), pensando que se tratava da esposa de um amigo. Não era, ou seja, tanto melhor. Tentei superar a situação com conversa míuda, para depois pedir-lhe o número e tratar de combinar um café para ela me poder dizer o quão diferente é da outra. NOT: desapareceu fugindo, como se eu fosse um psicopata.

Olhem se eu não fosse...


sexta-feira, 15 de março de 2013

Popalavras #7


Temos aqui nos estúdios o famoso detective do Facebook (por razões profissionais não iremos divulgar o seu nome). O nosso convidado tem como espaço profissional A Rede Social e campo de operações o seu computador portátil, iPhone ou Android

E: Diga-nos, qual é mesmo a natureza do seu trabalho?
D: A natureza é investigativa. Maioritariamente sou um observador, mas adopto uma postura instigadora quando necessário. Deduzo a verdade da acção das pessoas na rede e reporto-a ao cliente.

E: Ou seja, é um stalker pago a peso de ouro...
D: Não, não de todo. Uso método e nunca encaro o "cenário" do ponto de vista pessoal. Estou ali para fornecer informação, para a reproduzir e multiplicar. Prepare-se para ficar espantada: por exemplo, se o Zé anda a cortar a foto de perfil é porque está a dar numa de gay e não quer ser visto com o "amigo". E muitas vezes não sou pago por isto!

E: Uma alma caridosa. Explique-me como o faz, conte-nos um caso dos seus.
D: Parto de premissas muito simples. Está a ver o diamante roubado do Louvre a semana passada? Ora, a minha vizinha actualiza o estado e como carrego no "refresh" ("actualizar", para quem não está por dentro dos termos técnicos) a cada três segundos, vi logo que "Um sorriso daqui até à lua, sinto-me a brilhar hoje" não era propriamente inocente: Daqui à França é tão longe como a lua para quem não tem posses; brilhar é código universal para diamantes; e o resto é conversa... Foi o primeiro caso que reportei à Interpol.

E: Fascinante. O que sucede depois? Deixa as autoridades tomar conta do assunto?
D: Nesta situação sim. Até lhe digo mais, eles não tinham arcaboiço para lidar com as coisas no terreno e só interagimos via mail, nem quiseram falar comigo dada a urgência. No entanto, trabalho com assuntos mais quentes, não sei se está a perceber...

E: Elucide-me, por favor.
D: Casos de faca e alguidar. Se o João anda a trair a Maria com a irmã ou se a filha do Mário anda a comer morcela, vês? Ainda ontem mandei mensagem a uma senhora dos seus 40 anos e mãe de família, dizendo-lhe que estava interessado numa amizade sincera (linguagem universal para "comer e andar") e ela aceitou.

E: Continue...
D: Não há muito mais a dizer, vi logo que as coisas não são o que parecem. Anda à procura de novas sensações... A mulher do César não parece nem é séria. 

E: A sua consciência nunca o incomoda?
D: Nem um pouco. Sou incorruptível, se por vezes levo um toque ou pedido de amizade suspeito não me deixo pressionar. Estas são pessoas perigosas e o véu da segurança atrás do ecrã é uma ilusão, isto envenena a mente e conduz ao auto-abuso. Já viu certas poses?!

Infelizmente, não temos tempo para mais. Ainda assim, são revelações chocantes, devastadoras e implacáveis da realidade a que ainda não tínhamos sido apresentados. O mundo como ele é.

terça-feira, 12 de março de 2013

No sonho...

Sonhei que contava a verdade. Uma verdade inconsequente no conteúdo e derradeira no gesto. Estava nu. Ela tomava essa confissão como eu queria que ela fosse. Confiava sem reservas. Que porra de pesadelo... Só não acordei mais rápido, porque metia foda.

São estes pensamentos que me mandam para o fundo da garrafa. Não podes confiar em ninguém, estás sozinho com o diabo que conheces. Claro que há mais a dizer, não lhe disse nada de mais, contei-lhe de onde vinham as minhas finanças. Sabia que desconfiava e contei-lhe, como se não estivesse à espera de nada. Particularmente, de ser comido por parvo no fim. Agi como se ela fosse minha como as moedas no bolso: podendo mostrar toda a perversidade no mais negro de mim e esperar aceitação.

Ela quis. Quer isso, pede-o silenciosamente. Teve-o e muito mais. Depois fugiu e nem me cheguei a vir. Até no subconsciente tenho a decência de avisar quando estou prestes a fazer merda. Que porra de pesadelo... dar ao inimigo a faca e ficar a cheirar o queijo.

Na realidade.

Ela foge sem dizer nada. Está à espera que as coisas passem a outro nível. Para além do jogo, para além das brincadeiras sérias. Quero ver essa mão, não sei dar o flanco. Pensei em mostrar-lhe isto, em contar toda a verdade, a toda a gente. Sem nada a esconder.

Ia abdicar de páginas como estas, parecendo um gajo cheio de tiques e neuroses. "Tu fizeste-me isto! Eu não sou assim". Isso sim seria um pesadelo. São indícios de quem é desleal, as dúvidas perguntam-se de peito aberto, não com jogadas dignas de intriga política.

Do outro lado até pode haver uma situação parecida e reflexiva desta. Não é. Não me interessa nada. Só quero carregar a cruz pelo meu caminho e se tiver companhia tanto melhor. Na realidade, a verdade faz as pessoas perderem o interesse. Deve ser tão muda como um criado. Não se pede nem se quer, a história de duas pessoas é memória muscular, é agir sem pensar e levar com o que cai em cima.




segunda-feira, 11 de março de 2013

Pensa Rápido: Facetruques

Porquê, mas porque é que aquelas pessoas têm de andar constantemente a publicar que odeiam "gente falsa e invejosa", "mais vale chorar por quem merece" ou "se não me compreendes és um idiota"?!

Qual é o fascínio pela foto do bébé ou do gato ou até da porra do arco-irís?

Pior: Quem responde a isso? "mm !", "q s passa Linda?" e ":)"

O meu olho esquerdo até fecha o direito quando apanha estes "pédaços dji vidá".

Tudo seria melhor se fosse dito pelo Clint Eastwood de arma na mão:

- Pessoas Falsas: "Don't piss down my back and tell me it's raining"

- Desgosto: "First, I blow a hole in your face; then I go back inside, and sleep like a baby... I guarantee you."

- Idiotas: "I know what you're thinking. Did he fire six shots or only five? Well, to tell you the truth, in all this excitement, I've kinda lost track myself. But being as this is a .44 magnum, the most powerful handgun in the world, and would blow your head clean off, you've got to ask yourself one question: Do I feel lucky? Well, do ya, punk?".


terça-feira, 5 de março de 2013

Pensa Rápido: Jogos de Azar

Perdes sempre. Sempre.

O vício é insustentável: nunca sabes se é a mão que é vencedora ou se já apostaste demasiado para sair.

Há dois tipos de jogadores: aqueles que apostam sempre no fio da navalha e parecem sempre na crista da onda; e aqueles que aceitam a sua sorte, como se fosse um dever entregar-se ao que os dedos já conseguiram agarrar.

"E tu és sempre do tipo errado".



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Pensa rápido: Ensino

O ensino está pela hora da morte. Um dos mais amados bloggers da actualidade e professor na obscuridade foi assaltado no dia ontem. Primeiro, vilmente agredido nos seus valores profissionais e pessoais. Depois, distraído com a dor dessas ofensas, furtado pelo mesmo vândalo que ousou mexer com a sua boa índole.
Passo a explicar.

A meio de uma aula, o petiz começa a agir como uma velha no café e desata a comentar a vida da vizinha, do amigo e da mesa de trás com quem queira ouvir. Dá repreensão, a qual surte efeito nos 5 segundos seguintes. Posto isto, decide levantar-se (aqui já não é à velha) e fazer o que lhe dá na real gana. Nova repreensão. A festa continua e o puto manda um murro na perna partida da colega. Já passou das marcas. "O professor pode fazer o que quiser, eu também não quero vir às aulas". Enquanto estou a explicar isto à avó (respondendo esta em choro), o menino vai à secretária e saca o cartão de memória do telemóvel. Inqualificável.

Quando chego a casa e dou conta do furto até fico vermelho. O mundo desaba e tudo aquilo em que acredito no ensino cai por terra. Voltemos aos tempos do bom e velho castigo corporal institucionalizado. 

PS: Será que a distracção foi planeada? Só por causa das tosses, 20 chibatadas aos dois!


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

...uckin' badass!!

Vai lá o sócio tirar de razões com o outro sócio por causa d'uma Dama. O que acontece?

Aí está um rapazola com idade para ter juízo, quando confrontado com as ameaças do outro por telefone, diz-lhe "Para me bateres precisas de comer muita sopa".

Nisto o outro faz-lhe uma espera à noite e depois de dois ou três empurrões lhe prega um murro (vulgo banano) na cara... logo o outro se agarra à faceira e amua. Onde é que está a coragem agora?

O agressor profere a seguinte delícia "Disseste que precisava de comer muita sopa para te bater, então COMI UM PRATO DE SOPA E VIM À TUA PROCURA!"

Também eu já tenho idade para ter juízo e tudo mais, mas aquela tirada foi de mestre, qual Clint Eastwood do Bairro Social.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Popalavras #6


Um dia em descontraída passeata, os pássaros chilream e as árvores a flor cheiram, cai um pequeno caderno do céu. Mesmo à minha frente pestanejo duas vezes para me certificar que me está mesmo a acontecer. É isso mesmo: Sei instantaneamente do que se trata, pois vi a animação japonesa onde um rapaz encontra esse caderno e todos nele nomeados caem como tordos, com um ataque cardíaco. Agora também tenho esse poder!

A ânsia escorre em suor pelas mãos e preciso de dois minutos para me acalmar e perceber a dimensão desta benção, daquele pálido e maligno Deus menor que inspira medo no coração dos Homens desde o início dos tempos. Em seguida abro o caderno e folheio-o: não é novo, mas está impecável - foi escrito e rasgado - como se algum artesão o devolvera à sua forma original.

...Nessa noite...
A, B e C descem ao Pub Irlandês para uma saída tranquila, ainda que por dentro mal consiga conter a excitação da descoberta. A vira-se para o B e, depois de um trago da cerveja, pergunta-lhe "Estás a ver se não te engasgas? Aí a olhar para o vazio...". B não reage e C faz sinal para nos calarmos "Conheci um tipo assim, neste mesmo bar, estava com uma imperial à frente, abananado, a olhar para sabe Deus onde. Passado um bocado outro chega lá para gozar com ele e bebe a cerveja de uma vez. O tipo vira-se e diz-lhe que isso não é assim. O outro lá se desculpa e paga-lhe outra, mas ele continua: Não era assim, porque ele foi despedido, roubaram-lhe a carteira com todo o dinheiro que tinha e chega a casa e apanha a mulher com o padeiro... enfim o pior dia da sua vida e logo quando estava a pensar em acabar com ela chega um gozão e bebe-lhe o veneno" - todos se desatam a rir, excepto B: "Epá a D. anda com um gajo... descobri hoje, quando os encontro na entrada da casa dela aos beijos... não estou chateado, porque sei o que vou fazer, podem estar tranquilos pessoal".

...Agora que já sabem qual deles eu sou...
Aguardo com fervor a chegada deles. D e o biltre aproximam-se de carro e eu saio de encontro a um desconhecido que passava na sua direcção. Ela apercebe-se da minha presença e olha-me de soslaio, finjindo ignorar-me. Passo-lhes ao lado e dirijo-me ao transeunte. Apresento-lhe a minha carteira profissional e invento "Boa noite, o meu nome é B. e estou a conduzir uma averiguação para um acidente que aconteceu aqui há dias..." - "Nem vivo aqui. Desculpe lá." e quis continuar pela rua, mas continuei em ar profissional "Com toda a certeza, mas importa-se de me dizer o seu nome para efeitos profissionais, só para provar que estive aqui hoje" e apontei no caderno. O homem caiu aos meus pés, com um estrondo, fazendo-os voltar para trás. "Deu-lhe uma coisa! Ajudem-me" gritei e o pulha empurra-me para o lado "Tirei um curso de primeiros-socorros..." ou lá o que ele disse, enquanto ela se volta para trás, impressionada. Aproveito o momento e jogo-lhe o trapo ensopado em clorofórmio, segurando-o pelos braços: "Ele desmaiou! Ajuda-me a levá-lo ao teu carro".

...A multidão juntou-se em volta do morto...
"Dá-me as chaves. Vamos ao hospital que o homem já está a ser assistido!" disse para a acalmar. A estúpida amaldiçoava a sua vida no banco de trás e mal se deu conta de termos parado num descampado. Sai e ela saiu também, direita a mim aos gritos, apanhou com um gancho de direita que a deixou estatelada na terra. O seu nariz jorrava um vermelho rubi, resplandecente à luz da lua. Perguntei-lhe como se chamava o artista de circo por quem ela me deixou e não obtive resposta. Com a chave das rodas parti-lhe as pernas e a cabra lá gritou "E.! chama-se E." e desatou a chorar como se tivesse percebido, com o 6º sentido, que nada de bom viria daqui. "Com isso já o mataste, queres ver, olha bem para esse porco!" e escrevi o nome no caderno. O branco dos olhos em agonia viu-se, por momentos, num espasmo. D. chorava silenciosamente qual criança magoada com os pais.

...Cavei a sua supultura...
Perguntei-lhe como queria morrer e, antes que pudesse responder, contei uma anedota: "Num avião em chamas uma mulher diz - se vou morrer, morro como uma mulher - despindo-se pergunta se alguém a quer tomar como tal nesse último momento. Um homem despe-se também e responde - Eu quero! Passa-me essa camisa!". Ela engasgou-se e tossiu sangue. "Cabra até ao fim..." murmurei escrevendo um longo, curvilineo D. e observei-a perecendo na terra. Tapei a campa e limpei tudo onde pudesse ter deixado impressões digitais ou outros vestígios. Conduzi durante quilómetros e deixei aquele pobre filho da mãe no lugar do condutor, para enfiar o carro por uma ribanceira abaixo. Eles haveriam de ver a ironia e ignorar todas as incongruências de tão escarrapachado homícidio. HOMEM MATA MULHER E MORRE DE ENFARTE COM O ARREPENDIMENTO: os jornais completariam o crime perfeito para eu desaparecer no ar da noite.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

FB e amigos

O Fuckbook tem vida própria. Então agora que caiu um meteorito na Rússia começam a aparecer imagens de uma rapariga russa que tem visão Raio X?!

A moçoila chama-se Natasha Deminka e consegue dizer, com alguma acuidade, se a pessoa ou o animal tem maleitas (detectáveis por raio-x). Com pessoas saudáveis também dá, mas não tem tanta piada, porque os ossos são todos iguais.

Ora, tudo jóia e a miúda é um fenómeno, é sim senhor, MAS já aí anda no circo de aberrações desde 2004. Portanto, se calhar até já apareceu no Hi5 e andamos agora todos chocados a pensar que fazem X-Men na Rússia...

Pois, diz que caem lá meteoritos e tudo.


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Dias Off

Quando te deitas com vontade de comer donuts ao pequeno-almoço e acordas à hora de almoço...



sábado, 16 de fevereiro de 2013

Pensa Rápido: Livrarias

A Barnes & Noble começou como livraria de bairro em Nova Iorque.

Expandiu-se, adquirindo uma cadeia de lojas e tornou-se retalista ao nível nacional, com cerca de 800 livrarias.

Com a expansão do mercado de e-books, investiu numa plataforma computadorizada, o Nook.

Com o Kindle, iPad, Surface e modelos Android, a divisão Nook custou em 2012 cerca de 262 milhões de Dólares.

Com a expectativa de que o mercado eléctronico seja muito maior que o esperado, a Barnes & Noble continuará a apostar no Nook, confiante que em 2013 o produto se assuma no mercado.

Enfrentando o risco sério de insolvência, a Barnes & Noble contempla o seu desaparecimento. Será este o fim o das livrarias tradicionais?

Basta ver o que aconteceu no mundo da música. Desapareceram as lojas de discos? Não, ainda que sejam menos.

O que sucederá com a falência da B&N? As 800 lojas desaparecem? Nada disso, provavelmente será adquirída por quem tenha fundos para a comprar e dão-lhe outro nome, mantendo as lojas e os negócios que dão lucro. Nada desaparece, muito menos o passado.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Pensa Rápido: Secretas

Como destruir a reputação de alguém com provas visuais: Fotos em javardeiras com a amante e o jardineiro negro? Video daquela festa de Natal onde fez um brinde anti-semita? MMS dos traços de coca na mesa de reuniões?

NADA DISSO

Câmara oculta no espelho da casa-de-banho. Daria cabo da minha em dez segundos, particularmente quando saio do banho a cantar a Sweet Little Mystery dos Wet Wet Wet (Olha pois é! Sabia que tinha um significado oculto!)...


sábado, 5 de janeiro de 2013

Sabedoria Impopular

O telemóvel encurta a vida e não estou a falar de filmes manhosos. Quando te telefonam sem estares à espera nunca é coisa boa.

Nunca é para te darem dinheiro, nunca é para dizerem que és o maior e muito menos para te dizer "Como sei que estás cansado vou passar aí em casa para te fazer um oral, só naquela do relaxe", nem sequer uma massagem, quanto mais...

Da próxima vez quando ouvires o telemóvel já sabes que é: trabalho; favores, não daqueles fáceis tipo ir à esquina comprar tabaco, mais como "Epá tive um azar, preciso que me emprestes o carro por uns dias"; ou então é para desabafar por causa de uma estupidez que só te vai deixar a ti mal disposto.

Se parecer simples,NÃO É. Confiem em mim: da última vez que me ligaram a pedir ajuda para comprar um telemóvel acabei na esquadra (não como arguido... só faltava.).


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Devaneios Febris

Estou a pensar em tornar-me crítico musical. Toda uma nova geração precisa daquela voz sábia e delicada para por em palavras o que lhes vai na alma. Inspirar-me-ei nos clássicos textos de Bret Easton Ellis e na majestosa performance de Christian Bale, enquanto Patrick Bateman. Na verdade a música pop deve ser aprofundada na sua ligeireza contagiante. Como uma infecção, o ritmo apodera-se do nosso inconsciente e segreda-nos maravilhas. Poucos se encontram na disposição, e convenhamos, na capacidade de perscrutar no íntimo do Artista.

A vibração que toca o ser é, na sua plenitude, uma construção idílica. Despojada cada um dos elementos que a compõem perde o seu apelo. Até o pormenor mais subtil reveste tanta ou mais importância que o verso, coro ou ponte. É a estrutura que a eleva à nossa mente, mas são os detalhes que a mantêm lá.

Deixem-me divagar sobre este último aspecto: O aparentemente exíguo é muitas vezes a gota que faz transbordar o rio. Aquilo que nos leva para lá do razoável e nos entrega a pulsões quase demoníacas. Quantos de nós não caímos na ânsia de estrangular uma perfeita estranha numa discoteca... só porque está a passar a Toxic da Britney Spears. Naquele momento somos confrontados com um ardor imenso que nos leva a ignorar os meios, eliminando qualquer réstia de calculismo... de repente, é David Guetta e Kid Cudi que invade o ouvido - aí, aí tudo muda - imolação vem à cabeça, mas quem sabe, não é?

Um exemplo clássico será o Gangnam Style do Psy. Ora, quem é que aquele filho de p... julga que é para conspurcar o universo?! Estou a suar em bátegas, enquanto assisto a um coitado nos seus anos púberes a dançar e grasnar essa cantoria, só para se tentar integrar junto do grupo de desleixados que se dizem amigos. O poder desumano do som impele e expande o desejo de matar. Passando a mão pelo cabelo, limpo o suor da testa e resisto inutilmente, simplesmente por capricho. Em seguida irrompo pela sala, qual cavaleiro medieval armado com a sua lança - na realidade, o pé de um cálice partido - e projecto-me contra o seu peito. A íntima relação do vidro, do ouvido e das colunas permite-me desfrutar de toda a vibração da "arma" a penetrar na carne e alojar-se no pulmão, enquanto o vermelho do sangue escorre para o chão. Sexy lady, hei! Sexy lady... ecoa no rasto de pavor da multidão em fuga.

Como não apreciar as dádivas musicais com que somos presentados?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

10 mil e XII

Naqueles dias em que apetece apenas existir. Um tributo à mera vivência: Ao barulho dos copos no balcão e à passagem das pessoas na rua. Um piscar de olhos aos ponteiros do relógio, como se lhes dissesse "até não sei quando". Ao sol na cara, à chuva do dia seguinte e ao ar que tarda em entrar.

Nesses dias em que já tudo foi dito. Em que não vale a pena correr e tudo pára no mesmo sofá, onde os carris do comboio massajam as costas e o telefone é música para os ouvidos. O estalar do gelo no whisky são os gemidos da minha alma e o olhar desfocado sufoca a realidade destas quatro paredes.

Nestes dias em que apareces à memória de anos sem fim à vista, misturando-te com a certeza de um futuro condenado. Parando o relógio na hora de ponta, é a ti o meu brinde. A tua mão tépida nos meus dedos gelados, sem nunca se dar ao inferno entre nós.

Noutros dias onde finjo sem tremer. Onde carrego no bolso a chama, transparente aos olhos do mundo. Bebo o fumo e tomo as rédeas do tempo. Naquelas, nessas e nestas vivências tenho muito para dizer. Ainda mais para te mostrar.

Foto de Neil Krug