terça-feira, 21 de maio de 2013

Escritos Incompletos - A ti

Gelam-lhe os ossos e o sentimento se lhe escapa. Abriu os olhos e viu-se diante do espelho, lá naquela imagem esbelta e voluptuosa, "impossível... ninguém acorda assim". Mulher fatal desde manhã até à noite.

(...)

Ele sorria sem se notar o branco e perscrutava a sua imagem nos olhos dos outros.  Pelo canto do copo, em tons de dourado, viviam os fantasmas daquelas que escaparam.

O amor para dar, a amizade para os justificar e o falso altruísmo para os mover.

(...)

Mostra os dentes e recebe depois - o golpe - aquele que te chamou ao siso. Ataca-me em juízo, envolve-me na surpresa e o teu riso te quedará ilesa. A suspeita do costume, a tal novidade, vem minando a verdade.

A ti te dou num belo embuste, parecendo saber o que recebo. Não sei realmente o que faço, digo ou penso... estou perdido no teu abraço.

A tua liberdade foi a luz para me acordar. A minha vontade, em ti descobriu a única que poderia amar.

 foto de Neil Krug