sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Pensa Rápido: Secretas

Como destruir a reputação de alguém com provas visuais: Fotos em javardeiras com a amante e o jardineiro negro? Video daquela festa de Natal onde fez um brinde anti-semita? MMS dos traços de coca na mesa de reuniões?

NADA DISSO

Câmara oculta no espelho da casa-de-banho. Daria cabo da minha em dez segundos, particularmente quando saio do banho a cantar a Sweet Little Mystery dos Wet Wet Wet (Olha pois é! Sabia que tinha um significado oculto!)...


sábado, 5 de janeiro de 2013

Sabedoria Impopular

O telemóvel encurta a vida e não estou a falar de filmes manhosos. Quando te telefonam sem estares à espera nunca é coisa boa.

Nunca é para te darem dinheiro, nunca é para dizerem que és o maior e muito menos para te dizer "Como sei que estás cansado vou passar aí em casa para te fazer um oral, só naquela do relaxe", nem sequer uma massagem, quanto mais...

Da próxima vez quando ouvires o telemóvel já sabes que é: trabalho; favores, não daqueles fáceis tipo ir à esquina comprar tabaco, mais como "Epá tive um azar, preciso que me emprestes o carro por uns dias"; ou então é para desabafar por causa de uma estupidez que só te vai deixar a ti mal disposto.

Se parecer simples,NÃO É. Confiem em mim: da última vez que me ligaram a pedir ajuda para comprar um telemóvel acabei na esquadra (não como arguido... só faltava.).


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Devaneios Febris

Estou a pensar em tornar-me crítico musical. Toda uma nova geração precisa daquela voz sábia e delicada para por em palavras o que lhes vai na alma. Inspirar-me-ei nos clássicos textos de Bret Easton Ellis e na majestosa performance de Christian Bale, enquanto Patrick Bateman. Na verdade a música pop deve ser aprofundada na sua ligeireza contagiante. Como uma infecção, o ritmo apodera-se do nosso inconsciente e segreda-nos maravilhas. Poucos se encontram na disposição, e convenhamos, na capacidade de perscrutar no íntimo do Artista.

A vibração que toca o ser é, na sua plenitude, uma construção idílica. Despojada cada um dos elementos que a compõem perde o seu apelo. Até o pormenor mais subtil reveste tanta ou mais importância que o verso, coro ou ponte. É a estrutura que a eleva à nossa mente, mas são os detalhes que a mantêm lá.

Deixem-me divagar sobre este último aspecto: O aparentemente exíguo é muitas vezes a gota que faz transbordar o rio. Aquilo que nos leva para lá do razoável e nos entrega a pulsões quase demoníacas. Quantos de nós não caímos na ânsia de estrangular uma perfeita estranha numa discoteca... só porque está a passar a Toxic da Britney Spears. Naquele momento somos confrontados com um ardor imenso que nos leva a ignorar os meios, eliminando qualquer réstia de calculismo... de repente, é David Guetta e Kid Cudi que invade o ouvido - aí, aí tudo muda - imolação vem à cabeça, mas quem sabe, não é?

Um exemplo clássico será o Gangnam Style do Psy. Ora, quem é que aquele filho de p... julga que é para conspurcar o universo?! Estou a suar em bátegas, enquanto assisto a um coitado nos seus anos púberes a dançar e grasnar essa cantoria, só para se tentar integrar junto do grupo de desleixados que se dizem amigos. O poder desumano do som impele e expande o desejo de matar. Passando a mão pelo cabelo, limpo o suor da testa e resisto inutilmente, simplesmente por capricho. Em seguida irrompo pela sala, qual cavaleiro medieval armado com a sua lança - na realidade, o pé de um cálice partido - e projecto-me contra o seu peito. A íntima relação do vidro, do ouvido e das colunas permite-me desfrutar de toda a vibração da "arma" a penetrar na carne e alojar-se no pulmão, enquanto o vermelho do sangue escorre para o chão. Sexy lady, hei! Sexy lady... ecoa no rasto de pavor da multidão em fuga.

Como não apreciar as dádivas musicais com que somos presentados?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

10 mil e XII

Naqueles dias em que apetece apenas existir. Um tributo à mera vivência: Ao barulho dos copos no balcão e à passagem das pessoas na rua. Um piscar de olhos aos ponteiros do relógio, como se lhes dissesse "até não sei quando". Ao sol na cara, à chuva do dia seguinte e ao ar que tarda em entrar.

Nesses dias em que já tudo foi dito. Em que não vale a pena correr e tudo pára no mesmo sofá, onde os carris do comboio massajam as costas e o telefone é música para os ouvidos. O estalar do gelo no whisky são os gemidos da minha alma e o olhar desfocado sufoca a realidade destas quatro paredes.

Nestes dias em que apareces à memória de anos sem fim à vista, misturando-te com a certeza de um futuro condenado. Parando o relógio na hora de ponta, é a ti o meu brinde. A tua mão tépida nos meus dedos gelados, sem nunca se dar ao inferno entre nós.

Noutros dias onde finjo sem tremer. Onde carrego no bolso a chama, transparente aos olhos do mundo. Bebo o fumo e tomo as rédeas do tempo. Naquelas, nessas e nestas vivências tenho muito para dizer. Ainda mais para te mostrar.

Foto de Neil Krug