terça-feira, 20 de julho de 2010

O Nosso Exílio


Queda-se imóvel o olhar...
Sinto-me enternecer nas tuas palavras, o seu som levado no vento por janelas abertas.
Aquelas que não voltarás a proferir, pois sabemo-las pairando sobre o dossel,
ecoando todos esses tempos mudos.
Colhendo-nos do mundo, para qualquer lugar... Onde te adormeço em doces cantigas de outro cantar e, quem sabe, no beijo que já não te posso negar.
Preciso de ti agora rendida num suspiro... onde mais podemos ser nós?
Quero perder-te a vista atrás das cortinas, onde só o sol e a brisa podem entrar.
Ver-te no espelho onde as sombras são o nosso complementar.
Tu eras luz sem brilhar, nos dias do meu acordar.
Imutável fiquei, no teu remoinho de mudança, perdido nas conversas de outrora e encadeado pela alba da temperança.

Queda-se imóvel o olhar...
Sinto-te a desaparecer das minhas memórias, a tua visão pelo postigo.
Daquela porta por onde não voltarás comigo. Lá fora a chuva cai na alma, sem abrigo.
Rendendo um suspiro sem sentido... onde já há muito fomos nós.
Retiraste-te sem ceder, sem medo, com tudo para perder.
Dançam as cortinas e o espelho mostra o vazio do meu adormecer.
Inabalável serei, no meu oceano de esperança, deambulando pelo soturno anoitecer da vingança.

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