quinta-feira, 29 de julho de 2010

Austrália


Descobri o calor debaixo do sol ardente,
do outro lado do mundo nessa terra nua e selvagem como a serpente.

O dia ergue-se sem pejo sobre uma linha verde e sente-se vida a ofegar no seio da floresta,
levada nos braços da montanha à garganta do oceano fluindo por uma fresta,

Passam anos por riachos e ribeiros em dias de monção,
quais aguaceiros alheios a um sem fim de Verão.

Uma gruta escondida atrás da sua nascente perdida,
desce a uma praia deserta,
banhando o horizonte até onde o grande coral desperta.

Quero provar o sal da alma neste fugaz paraíso,
sonhando para me encontrar num interminável sorriso,
onde o murmúrio do ocaso é o doce soçobrar de tardes sem igual,
segredando pelo céu o caminho ao mistral.

Esqueci na noite densa,
libertando-me da minha pertença,
pois foi este solo que me cultivou de passagem,
suave e sem pressa, porque a vida é uma viagem,
a que quis fazer,
navegando, Austrália, para te ver.

Aos
navegadores portugueses que em 1606 reconheceram a existência deste continente,
Luís Vaz Torres e Pedro Fernandes de Queirós.

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