terça-feira, 16 de abril de 2013

Popalavras #8


Tão certo como a água da praia varrer as nossas pegadas de Sábado, esperava-me ansiosa nessa manhã de Domingo. Já estava atrasado. Desci os degraus apressadamente, só para voltar atrás pela carteira, "esqueces-te sempre da carteira!". Teria aproveitado mais o sol do meio-dia se não conduzisse como um louco para estar à porta dela, apenas, cinco minutos depois da hora. Quero ser natural quanto a isto, quero mesmo dizer que vi um anjo nesse instante mesmo já não acreditando - "Não dá para ir por aí, bebé!" - tenho de dizer que foi o "bebé" que me levou à estupidez.

Anseio por esta cumplicidade, ouço as palavras queimar no reflexo do meu silêncio e não sei parar isso. Talvez estejamos condenados a ser só um ou a chama nos asfixia debaixo do céu aberto. Nunca me senti tão sozinho, estando tão vivo.

Assaltam-me visões de ti, enquanto passeamos entre pedra e parede, e mais pedra, não te importas, sorris... Dizes-te mal com mundo e moída pela vida - não acredito em ti, estás tão serena. Em queda livre pelo universo, és o eixo da parábola, livre e absolta. - Levas um pouco de mim contigo?

Tu, tu, tu, e tu... há coisas em que não acreditas, aquelas que quero fazer. Quero construir algo e tu nunca o verás acontecer. Continuo a arder, ansiando pelas palavras certas. Como sempre foi connosco. Nunca estive tão sozinho e nunca vivi tanto... e há esta inquietude para subir de nível contra a tua atmosfera.

Para onde foi a alma que quero conhecer? Este jardim é Mal. A superficialidade é tudo e não conseguimos ser assim, não consigo. Tu perceberias... E esta é a nossa última volta, seremos amigos novamente, ultrapassar-te-ei e perguntar-te-ás quem seria eu.

Voltamos para casa. Começa a chover... Tu remas na prancha, só. Prova o sal, prova a dor. Já não pensarei em ti outra vez. As ondas crescem e o sol cai, olhas para aquela vaga deslizando, para te levar para casa.


2 comentários:

Daniela Vitorino disse...

Como diria O.Wilde:

"O artista é o criador de coisas belas. O objectivo da arte é revelar a arte e ocultar o artista. (...)
A vida moral do homem faz parte dos temas tratados pelo artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. (...)
Toda a arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Os que penetram para além da superfície, fazem-no a expensas suas. Os que lêem o símbolo, fazem-no a expensas suas. O que a arte realmente espelha é o espectador, não a vida."

Continua a espalhar a tua arte irmao.

Salvé!
=P

Fonemas Invertebrados disse...

Muito bom :)

Não te posso emprestar nada lol

Sim, foi um decalque da canção, mas com o cunho muito pessoal. No todo é menos verdadeira que eu, assim o espero.