segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O rio de sangue

Perder o temperamento nunca fica bem a um homem bom...
"Não, deixa a curva voltar".
Vê-se o calculismo das pessoas nessas alturas. Conhecemos-nos na tensão e quando cada partícula clama por violência.
"Sim, cede à justiça sangrenta. Agarra-os pela jugular e rasga-os da mentira. Olha para o sangue a jorrar... que visão irónica, pois quem derramou o primeiro sangue foram eles. No seu contínuo embuste. Matai-os a todos! Pois te ordeno".
A sombra da traição é implacável quando cai sobre o homem justo. O ridículo usa muitas faces e muitas vezes o ridicularizado jaz caído na lama, cobrindo o semblante. Não que exista maior gáudio para os fracos de espírito do que a queda de quem se tenta, desesperadamente, manter de pé. A face de quem se recusa a mergulhar na ignomínia não será encoberta e desfaz até o mais cínico dos falsos.
"Cometeste um erro. A humanidade não merece o teu lado humano. Voaste para lá do sol antes do tempo. Não te deixes condenar ao esquecimento, alheio à tua própria natureza. Ordeno-te o assassínio. Eles são um exíguo sacrifício ao Minotauro. Ordena-te ao assassínio. A besta o exige. O nono círculo do Inferno se reserva aos traidores."
E assim, termina uma odisseia malévola, com o abandono de tudo o que é bom e puro, dando lugar à tormenta na costa tranquila. No entanto, não estaria certo roubar água ao Oceano, pois que para esses há, de facto, mais terra que mar...

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