terça-feira, 7 de setembro de 2010

Canção do Caos


Chaos often breeds life, when order breeds habit - Henry Adams

Do alto das tuas muralhas me observas cá em baixo, onde te aguardo no abismo da luz,

Entre reflexos de incandescências voando em espiral. O vento é negro e encandeia-te o olhar, desfazendo-se em brumas... sequioso o soturno respirar te envolve a índole,

Ouve o trote do meu áureo corcel.

"Acorda do teu transe e sopra o escuro até ao luar": ressoam os passos deste hipnótico cavalgar.

Conversando sem sentir não irás longe.

"Acorda e deixa-te viver", sentindo na minha fala um brilhante sibilar... vem comigo nesta estrada de nebulosa,

Anda... sem recear.

"Acorda neste celeste despertar"... Escorrega para a espiral e balança o meu eixo, sacode as fundações do teu soturno cativeiro...

Cura o sono e deixa a febre assomar.

Na companhia da morte passam Éons em minutos, foge da prisão astral, encontra em mim a tua força vital, e subiremos juntos este eterno rio de luz.

Há espaço na esperança para nós: púrpura, vermelho, carmesim até acenderes a chama - Há tempo na ventura para nós: negro, cinzento e branco respiras ao nos desfazermos no ar.

Somos absoluto no relativo, pairando sem gravidade, numa pureza sem sentido. Uma luz no universo, tu és o calor no meu peito e eu o espelho do teu acordar. Unos estaremos enquanto o destino nos quiser separar. Morremos para viver, renascendo numa ideia em que sonhamos estar.

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