domingo, 5 de junho de 2011

Crescente Passear

"...o amor quebra-se, mas o medo mantém-se." - Maquiavel

Em casas emprestadas apago a luz, pouso a agulha no disco e deito-me numa cama desconhecida. Mais uma noite sem sono nem descanso...

Os teus passos no corredor surgem como um eco distante. Sem palavras que me restem solto um suspiro. Quartos separados e vidas enclausuradas, desejos familiares e estranhas fachadas...

Chamo por ti num sonho tão vivido que dele não consigo despertar, tu ouves e falas-me em silêncio. Sinto-me ultrapassado sem te acompanhar e cansado de te desafiar.

Escondeste-te na sombra de razão que nos trouxe a este lugar? Esqueceste-te que partilhamos o mesmo luar? Ainda assim os teus passos assombram o corredor.

Aproxima-te, enquanto inspiro o teu respirar. Também eu temo por este regressar, pois não sou livre para te deixar. Fecho a porta, olho-a, fingindo que és tu e esqueço o torpor dos teus passos no corredor.

2 comentários:

JP disse...

É uma solidão tão pesada...

Grande ambiente! :)

Luís disse...

Acabou por ser uma colagem de situações, não necessariamente que tenha passado por elas, mas há padrão, uma ideia que traduz isso mesmo que comentaste. Right on the spot ;)

Obrigado!