São estes pensamentos que me mandam para o fundo da garrafa. Não podes confiar em ninguém, estás sozinho com o diabo que conheces. Claro que há mais a dizer, não lhe disse nada de mais, contei-lhe de onde vinham as minhas finanças. Sabia que desconfiava e contei-lhe, como se não estivesse à espera de nada. Particularmente, de ser comido por parvo no fim. Agi como se ela fosse minha como as moedas no bolso: podendo mostrar toda a perversidade no mais negro de mim e esperar aceitação.
Ela quis. Quer isso, pede-o silenciosamente. Teve-o e muito mais. Depois fugiu e nem me cheguei a vir. Até no subconsciente tenho a decência de avisar quando estou prestes a fazer merda. Que porra de pesadelo... dar ao inimigo a faca e ficar a cheirar o queijo.
Na realidade.
Ia abdicar de páginas como estas, parecendo um gajo cheio de tiques e neuroses. "Tu fizeste-me isto! Eu não sou assim". Isso sim seria um pesadelo. São indícios de quem é desleal, as dúvidas perguntam-se de peito aberto, não com jogadas dignas de intriga política.
Do outro lado até pode haver uma situação parecida e reflexiva desta. Não é. Não me interessa nada. Só quero carregar a cruz pelo meu caminho e se tiver companhia tanto melhor. Na realidade, a verdade faz as pessoas perderem o interesse. Deve ser tão muda como um criado. Não se pede nem se quer, a história de duas pessoas é memória muscular, é agir sem pensar e levar com o que cai em cima.
2 comentários:
No fundo acho que o conhecer alguém é o que nos sai pela boca, quando se espera que exista sempre mistério, quando se espera que o outro seja apenas aquilo que pensamos que ele é.
As pessoas demoram a dar-se, e quando se dão, já não as querem, porque são mais, ou menos, que a imagem que o outro criou delas.
Talvez por isso seja uma aventura tentar percorrer o caminho a dois.
Inevitavelmente um, ou outro, ou ambos, terão um tornozelo partido, uma falta de ar, ou vontade de descansar pelo caminho. Quando o outro ajuda, fica mais fácil, o caminho transforma-se em viagem, em aventura, em metros percorridos.
Quando não há ninguém a puxar por ninguém, torna-se um caminho infinitamente mais longo, silencioso e doloroso.
Passa tudo por pegar na bagagem do outro, fazê-lo sentir-se mais leve, saber dizer quando se tem fome, sede ou outra coisa qualquer, fazer fogueiras ou contar pedaços de céu.
Ainda hoje tive esta conversa com o Dexter. Gostava mesmo de não me agarrar a imagens e preconceitos, mas faço-o por segurança e desconfiança. Neste caso a paranoia atinge níveis tais que me imagino a ela a imaginar-me injustamente. Deviamos viver, cada um assumindo a sua vontade como dizes, no entanto há maneiras de se dizer as coisas e vícios que desfazem o que já podia estar feito. A ajuda e o puxar são muitas vezes mal interpretados, daí que ponho em causa a minha própria maneira de falar (ainda que nunca a vá mudar lol). Somos forças da natureza e devíamos agir dessa forma.
"Se o nosso amor é um combate,
Então que ganhe a melhor parte".
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