quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Deus Ex Machina


Os céus caem e o sonho desfaz-se,
sou hoje tão vazio como tu,
não há outra face.

Sós,

Cavalgámos o trovão,
enquanto o tempo nos libertou,
tão breve como um relâmpago.

carregamos

Estas linhas que te encontrarão e
mostram o símbolo da tua traição.

a

Qualquer sombra de penitência verei um embuste,
próprio da tua esquálida natureza.

Cruz

Da ironia de nascer para perder,
o pior é saber que tudo assim continuará,
o sangue torna-se agora electricidade,
e isto o meu túmulo branco de Agra.

1 comentário:

Luís disse...

Não sei se partilham a mesma opinião, mas todas as pessoas a quem mostrei este texto acharam-no muito negro e negativo.

A mim não me parece. Veja-se:

Verticalmente diz "sós carregamos a cruz". A imagem é de um poste de alta tensão que parece uma cruz.

Na última estrofe diz que o sangue se torna electricidade, o sangue é energia para as pessoas como a electricidade para máquinas. As máquinas são vazias de emoções.

Em grande parte das relações (num casamento por ex)que duram anos, vai-se perdendo emoção, ficando vazio. O que significa trair o amor que se jurou.

Essas pessoas que ficam juntas apesar de não sentirem nada, acabam por sozinhas carregar a memória desse amor como uma cruz.

O túmulo branco de Agra é o Taj Mahal, uma obra erigida por amor, ainda que póstumo. Uma cruz que foi carregada e se tornou em algo de grande significado e beleza.

A lógica deste texto é a mesma e por isso se chama Deus ex Machina (traduzido Deus saído da Máquina).

Podia continuar, mas o essencial está aqui.