Tão certo como a água da praia varrer as nossas pegadas de Sábado, esperava-me ansiosa nessa manhã de Domingo. Já estava atrasado. Desci os degraus apressadamente, só para voltar atrás pela carteira,
"esqueces-te sempre da carteira!". Teria aproveitado mais o sol do meio-dia se não conduzisse como um louco para estar à porta dela, apenas, cinco minutos depois da hora. Quero ser natural quanto a isto, quero mesmo dizer que vi um anjo nesse instante mesmo já não acreditando -
"Não dá para ir por aí, bebé!" - tenho de dizer que foi o "bebé" que me levou à estupidez.
Anseio por esta cumplicidade, ouço as palavras queimar no reflexo do meu silêncio e não sei parar isso. Talvez estejamos condenados a ser só um ou a chama nos asfixia debaixo do céu aberto. Nunca me senti tão sozinho, estando tão vivo.
Assaltam-me visões de ti, enquanto passeamos entre pedra e parede, e mais pedra, não te importas, sorris... Dizes-te mal com mundo e moída pela vida - não acredito em ti, estás tão serena. Em queda livre pelo universo, és o eixo da parábola, livre e absolta. - Levas um pouco de mim contigo?
Tu, tu, tu, e tu... há coisas em que não acreditas, aquelas que quero fazer. Quero construir algo e tu nunca o verás acontecer. Continuo a arder, ansiando pelas palavras certas. Como sempre foi connosco. Nunca estive tão sozinho e nunca vivi tanto... e há esta inquietude para subir de nível contra a tua atmosfera.
Para onde foi a alma que quero conhecer? Este jardim é Mal. A superficialidade é tudo e não conseguimos ser assim, não consigo. Tu perceberias... E esta é a nossa última volta, seremos amigos novamente, ultrapassar-te-ei e perguntar-te-ás quem seria eu.
Voltamos para casa. Começa a chover... Tu remas na prancha, só. Prova o sal, prova a dor. Já não pensarei em ti outra vez. As ondas crescem e o sol cai, olhas para aquela vaga deslizando, para te levar para casa.