"...o amor quebra-se, mas o medo mantém-se." - Maquiavel
Em casas emprestadas apago a luz, pouso a agulha no disco e deito-me numa cama desconhecida. Mais uma noite sem sono nem descanso...
Os teus passos no corredor surgem como um eco distante. Sem palavras que me restem solto um suspiro. Quartos separados e vidas enclausuradas, desejos familiares e estranhas fachadas...
Chamo por ti num sonho tão vivido que dele não consigo despertar, tu ouves e falas-me em silêncio. Sinto-me ultrapassado sem te acompanhar e cansado de te desafiar.
Escondeste-te na sombra de razão que nos trouxe a este lugar? Esqueceste-te que partilhamos o mesmo luar? Ainda assim os teus passos assombram o corredor.
Aproxima-te, enquanto inspiro o teu respirar. Também eu temo por este regressar, pois não sou livre para te deixar. Fecho a porta, olho-a, fingindo que és tu e esqueço o torpor dos teus passos no corredor.